Histórias dos Templários

História da Ordem Demolay

Os Templários

 

 

   Ordem do Templo

   Uma das coisas que mais fascinam os jovens DeMolays ao conhecerem a filosofia da Ordem DeMolay é a história de seu patrono e da Ordem dos Templários, a existência desses nobres cavaleiros inspiraram os cronistas e narradores da época a contarem as mais belas estórias (nem sempre verdadeiras) que sobreviveram fortemente até hoje no nosso imaginário.

 

   Atualmente existem vários livros publicados no Brasil sobre os Templários; mas não era bem assim até uns três anos atrás, quando essa literatura histórica era encontrada apenas em inglês, em francês ou no português de Camões nas bibliotecas ou nas importadoras. Existia a barreira do idioma e do preço do livro importado que dificultavam o aprendizado mais profundo. Internet lembrem-se, só se popularizou há uns cinco anos apenas. Por isso, não vou me reter a mais uma requentada biografia de Jacques DeMolay que todos já tiveram a oportunidade de ler, ouvir e interpretar, mas de mostrar um pouco a Instituição Ordem do Templo.

   A Ordem do Templo surgiu no ano de 1119, fundado por nove digníssimos cavaleiros, liderados por Hugues de Payns e Geoffroy de Saint-Omer. Visando a vigilância do caminho de peregrinação a Jerusalém, que desde o ano de 1099 foi retomada pelos cristãos no movimento das Cruzadas. Os cavaleiros comprometeram-se a defender os peregrinos em destino a Terra Santa, dedicando as suas vidas, se fosse necessário, a esse ideal, transformando este em um voto, o que passou a representar a efetiva presença da Igreja Católica na Terra Santa. O nome escolhido em principio era “Ordem dos Pobres Cavaleiros de Cristo”, mas alguns anos depois, os cônegos da cidade santa concederam aos cavaleiros uma residência real, a Torre de Davi, a qual denominaram de “Templo de Salomão”. A partir desta, a Ordem passou a se autodenominar como a Ordem do Templo, e os seus membros como “os templários”.

   A Ordem do Templo em seu principio foi mais uma a somar-se as outras que já existiam para a mesma finalidade, como assim exigia o contexto religioso e político da época medieval. Já existiam por lá outras Ordens, como por exemplo, o Hospital de São João, localizado em Jerusalém, que servia de albergue para os peregrinos pobres e doentes; e os Hospitalareis, que possuíam uma filosofia parecida à dos Pobres Cavaleiros, mas com suas regras e princípios de vida muito rígidas, inspiradas nas palavras de Santo Agostinho.

   A Ordem do Templo conciliava duas atividades que a principio poderíamos considerar incompatíveis; a vida militar e religiosa. A melhor explicação até agora encontrada, seria a necessidade da Ordem ser reconhecida nas funções que exerciam pela Igreja. Em 1127, Hugues de Payns vai a Roma e consegue do Papa Honório II o reconhecimento oficial, e a autorização para serem redigidas as Normas que dirigiriam os destinos da Ordem. A primeira redação, de 13 de janeiro de 1128, é lhe conferida o nome de Norma Latina, cuja redação ficou a cargo do monge Bernardo de Clairvaux (São Bernardo). Como a maioria das Ordens existentes, a Norma previa os tipos de membros a integra-la: os cavaleiros, pertencentes à nobreza e que são os combatentes propriamente ditos; escudeiros e beleguins; padres e clérigos, que seriam encarregados da parte religiosa da Ordem; e por fim os criados, servos, artífices e outros ajudantes diversos.

   Uma bula papal de 1218 estabeleceu os privilégios que a instituição passaria a gozar, como isenção de pagamento de dízimos e a autonomia do gerenciamento dos recursos que a ordem necessitava, original das doações recebidas, diga-se de passagem, em grande intensidade e volume, o que provocaria posteriormente várias acusações de avareza e de orgulho da parte de seus integrantes, a medida em que a influencia da Ordem crescia.

    Como os cavaleiros tinha de se espalhar pelo longo caminho que ligava a Europa a Jerusalém, havia uma distribuição de fortalezas em todo o percurso. Essas divisões eram chamadas de capítulos. Na hierarquia militar da Ordem, o líder era denominado de “Mestre do Templo”, “(...) a que nos tempos modernos, insistem em chamar de grão-mestre, gostaria de saber porque, pois esta expressão nunca foi utilizada na Norma e em seus estatutos que a completam, nem sequer na própria época em que a Ordem do Templo existiu.” (Pernoud, s/d, 22)

O Mestre do Templo possuía um grande poder administrativo e de aplicação da disciplina e da Norma, mas nas decisões militares e religiosas, ou então que envolviam todo o conjunto da casa, deviam ser convocadas reuniões a qual participariam toda a congregação e o conselho do capitulo.

   Posteriormente, foram redigidos os costumes, estabelecendo em documentos todos os hábitos que se estabeleceram com o tempo, onde já encontramos as funções de tesoureiro e de senescal; poderíamos afirmar que este ultimo era o segundo em importância hierárquica, pois ele substituía o Mestre do Templo em sua ausência e/ou o representava em eventos.

    Encontramos também escritos nos costumes, as funções de marechal, de comendadores, de como um cavaleiro devia levar a sua vida cotidiana de modo bem simples e moderado, assim como nos mostra como seria o estandarte do templo, em bicolor (prata sobre o negro e com uma cruz vermelha bordada por cima). Os costumes também mostram como eram aceitos os novos cavaleiros, e nos dão os pormenores do cerimonial de iniciação, especificando que “o mestre não deve fazer freires sem capitulo”; e também aborda sobre o voto de silencio a respeito das reuniões capitulares.

As armas nobres cavaleiros!

   No que se refere às atividades militares dos templários, elas não ocorreram apenas no Oriente como era de se supor, pois a Ordem, como foi dita foi criada com a intenção de proteger os peregrinos em destino a terra santa. A bula papal de Gregório IX de 1238 recorda que aos templários era incumbida a vigilância do caminho de Jafa e Cesaréia. “Essa obrigação de cada dia fazia deles combatentes sempre em pé de guerra e dispostos a irem até onde a defesa do reino de Jerusalém o exigisse”.(Pernoud, s/d, 65).

 

    O mais antio feito de armas dos templários, que os historiadores tem por conhecimento, paradoxalmente, aconteceu em Portugal em 1132; na campanha de reconquistar Espanha e Portugal dos mouros, que suscitavam as mesmas iniciativas dos lugares santos. Na terra santa, o primeiro feito de armas conhecido, de que tomaram parte os templários, ocorreram em 1138, em que o resultado final foi derrota.”Guilherme de Tyr, narra como os turcos tinham se apoderado de Tequoa, a cidade do profeta Amós, cujos habitantes fugiram. O templário Robert de Craon, o sucessor imediato de Hugues de Payns, reuniu os cavaleiros e expulsaram os turcos; mas não perseguiu os que fugiram, que por sua vez voltaram em maior numero e fizeram um horroroso massacre, onde vários morreram”.(Pernoud, s/d,67). Independente desta derrota, os documentos mostram que os templários cumpriram os seus deveres com uma certa eficiência, até meados do século XII. As crônicas de Guilherme de Tyr nos mostram que as batalhas entre cristãos e muçulmanos, liderados por Saladino, foram epopéias das mais sangrentas, onde os templários lutaram juntos com o lendário rei da Inglaterra Ricardo Coração de Leão. Porém, foi tudo em vão, pois a partir de 1186, o ocidente e o oriente ficariam cada vez mais distantes.

   O rei Ricardo posteriormente concedeu aos templários a ilha de Chipre, mas eles foram expulsos mais tarde pela população cipriota. Em 1193 morre Saladino, e varias e incessantes batalhas entre francos e turcos ocorreram, até por volta de agosto de 1244, data marcada historicamente em que os cristãos perderam Jerusalém completamente.

    Com o decorrer dos anos, as Ordens se envolveriam nas rivalidades comerciais das cidades italianas de Gênova, Veneza e Pisa; revertendo-se em hostilidades violentas.”É sobre este ultimo plano de sórdidas rivalidades, alimentadas pelos comerciantes italianos, que se prepara o ultimo ato, aquele a que se assiste à queda do reino latino de Jerusalém ao fim da atividade militar dos templários; a (re) tomada de Acre em 1291”. (Pernoud, s/d, 94).

    O incrível patrimônio da Ordem do Templo

    As propriedades (imóveis) da Ordem do Templo eram denominadas de comendadorias. Os templários possuíam cerca de 9.000 comendadorias no lado europeu (Ocidente). Elas não diferenciavam em essência dos tradicionais “feudos”, pois eram uma espécie de aglomerados de construções agrícolas erguidas em terras doadas à Ordem por reis e generosos senhores, de onde eram extraídos vários recursos sob a forma de vinhos, azeite, trigo, ou ainda gado e lã de carneiro. Nesses termos, de media para grande extensão, eram construídos mosteiros para a moradia desses templários, e que possuíam muitos pavimentos para abrigar, no mesmo local, uma estrutura religiosa e militar. Arqueólogos e historiadores já comprovaram que muitas fortificações atualmente existentes foram habitações dos templários.

    “Em todos os lugares em que se instalaram os templários, nas suas construções ocidentais, apenas revelam o seu aspecto pacifico de exploradores agrícolas, preocupados em valorizar as terra; só na Terra Santa e na Península Ibérica é que se revelam sob o aspecto de combatentes. Alias, em Paris, os templários revelaram-se, de inicio, pelos trabalhos de secagem do bairro que continua a chamar-se Marais; pegados aos edifícios de sua comendadoria, esse terreno lodacento foi transformado por eles em jardins cortícolas, que durante muito tempo iriam alimentar a cidade parisiense”.(Pernoud, s/d, 54).

     Outra característica foi a construção de igrejas e capelas, que como vimos, desde 1139 a Ordem do Templo obteve a autorização do papa Inocêncio II para a construção destas para usufruto dos freires, e que eram servidos por capelães ligados exclusivamente a Ordem, o que devia suscitar numerosas invejas e rancores por parte do clero secular. Já no Oriente, o caráter bélico das suas construções era mais evidente, como parte do papel na defesa do reino de Jerusalém que a Ordem devia guardar.

     Uma outra abordagem a ser citada, é a construção da fabulosa fortuna que a Ordem do Templo acumulou durante a sua existência. A sua atividade militar é subentendida por uma atividade econômica muito importante. Desde o inicio de sua historia, as doações fluíram abundantemente no oriente, e também no ocidente, mediante a necessidade de dotara Palestina, novamente cristã, de uma defesa permanente, já que a maioria dos peregrinos regressava ao seu país após o cumprimento do voto. Por conseguinte, os templários eram considerados como a solução, ou antes, uma das soluções trazidas a esse problema espinhoso que era a defesa militar dos lugares santos, tal como na Península Ibérica a reconquista de território, e, nesses dois casos, os esforços que eram efetivados, atraíram as doações dos fervorosos fieis.

    Vários documentos de cartórios, denominados de cartorários, foram conservados e posteriormente publicados, o que nos permite verificar que os movimentos de doações que a Ordem do Templo captava sempre foram contínuos e uniformes. Essas doações recebidas eram, em essência, o que havia de mais valor no mundo medieval: a terra. As doações em terrenos e pastagens é o que mais aparece nos cartorários existente, assim como o direito sobre os servos ou camponeses da região. Também existem doações mais modestas como animais e arados. Dessa maneira, a fortuna acumulada pelos templários se constituiu em base dessas comendadorias, que possuíam uma estrutura econômica típica de um feudo. “E é dessa maneira que se atingira o numero de nove mil comendadorias, ao qual se elevavam as concessões do templo, no momento de sua supressão”.(Pernoud,s/d, 101).

    É valido lembrar que as outras Ordens que coexistiam, também possuíam grandes fortunas, provavelmente em menor escala se compararmos com a fortuna acumulada pela Ordem do Templo, voltados em principio para o apoio militar e de hospedagem. “A atividade econômica dos templários não se limita a esses rendimentos ordinários ou extraordinários. Há muito tempo que os historiadores fazem ressaltar o papel que eles desempenharam como banqueiros”.(Pernoud, s/d, 114).

    Era costume na época as pessoas confiarem os seus bens as igrejas ou abadias, e as ordens também ofereciam esse serviço. Em alguns casos, generosas doações eram conferidas, em troca da proteção de suas propriedades e bens por parte dos cavaleiros da Ordem. Bens moveis, jóias, pratas, entre outras coisas, eram guardadas a titulo de deposito, como os cofres dos bancos de hoje em dia. No que se refere a Ordem do Templo, essa função de depositário era de considerável importância, pois esses “clientes” eram pessoas que certamente iriam viajar rumo a terra santa e por isso confiavam aos cavaleiros os seus bens e sua segurança durante o percurso. O fato de a mesma Ordem possuir casas simultaneamente no Oriente, Ocidente e além-mar, permitiam aos cruzados obterem na terra santa moedas ou gêneros, em troca de uma atestação do depósitos efetuados nas tesourarias que o templo possuía em Paris, Londres, Veneza e etc. Isso representava a base do que viria a ser, bem mais tarde, as letras de cambio ou os cheques recebidos sobre um deposito.

     Os documentos mostram como a atividade financeira se desenvolveu sob vários prismas, que com o tempo darão origem as formas modernas de certas operações bancarias. Entre os seus depositários estavam grandes senhores, burgueses e até reis; o que causará no século XIII profundas conseqüências nas relações entre a Ordem do Templo com o rei da França.

     Penhores, empréstimos e reembolsos; todas as operações financeiras dos templários ficaram anotadas em pergaminhos e registros nos vários capítulos. Os documentos que nos chegaram as mãos revelam a sua capacidade administrativa. Em 1303, toda a organização financeira do reino da França se encontrava transferida para a Ordem do Templo. Os documentos revelam o nome de Hugues de Pairaud como o encarregado de arrecadar os impostos levantados para a continuação das guerras.

    Os historiadores ainda não sabem se a Ordem do Templo era credora ou devedora do rei na data fatal de 1307. Os documentos encontrados não permitem elucidar a questão. Provavelmente os agentes do rei ao procederam a detenção, fizeram desaparecer os registros de contabilidade. Em outubro de 1307 o rei voltava a controlar o tesouro, através de seus agentes.

     Ordem do Templo e o inicio da lenda

     No amanhecer do dia 13 de outubro de 1307, que caiu numa sexta-feira, todos os templários da França foram detidos nas suas comendadorias. Haviam se passado 16 anos desde a perda de São João de Acre para os Muçulmanos. Ao grande mestre Guillaume de Beajou, sucedera Thibaud Gaulin, que morreu em 1298, sendo sucedido por Jacques DeMolay. DeMolay nasceu na França, provavelmente na região norte, no departamento Vitrey no ano de 1244. Praticamente desconhecida também a sua biografia até o período anterior de sua liderança na Ordem; evidentemente que ao chegar ao posto de Mestre do Templo, DeMolay demonstrou possuir todos os méritos necessários; provavelmente a partir daí, somando a todo o processo de martírio que passou, alguns testemunhos isolados, e relatos às vezes desconexos, começaram a surgir em torno do personagem.

    A Ordem do templo jamais renunciou a sua luta no Oriente; o próprio Jacques DeMolay passou lá uma grande parte de sua vida, participando em 1303 num ataque dos templários à ilha de Tortosa; ataque esse que, alias, foi muito mal sucedido; e certamente viveu em Chipre, onde a Ordem tinha provisoriamente o seu Capitulo principal (sede).

    No que se refere à relação da Ordem com o rei Felipe, O Belo; havia em principio uma forte aliança. A Ordem ficou ao lado do rei em varias querelas com o papa Bonifácio VIII, alem do controle do tesouro real repousar nas mãos dos templários, que pertenciam ao seu grupo.

“Por conseguinte, nada permite suspeitar de qualquer desavença entre o rei e a Ordem do Templo, quando estala, como um trovão, a noticia da detenção destes. Ainda na véspera desse dia, o Mestre da Ordem Jacques DeMolay, acompanhava o rei na igreja dos Jacobins, para assistir aos funerais de Catherine de Courtney, esposa de Charles de Valois, irmão mais novo do rei.Essa captura maciça, efetuada no mesmo dia, à mesma hora, nas cerca de 3.000 comendadorias repartidas por toda a França representa sem duvida alguma, como foi escrita, uma das operações policiais mais extraordinárias de todos os tempos”.(Levis-Mirepoix)

    Essa apreensão foi minuciosamente detalhada. A ordem de prisão foi redigida um mês antes, 14 de setembro de 1307, secretamente, e com ordem de ser aberta em uma determinada data. O texto resistiu ao tempo, e nela podemos ler todas as series de acusações que sofreu a Ordem do Templo, entre as quais a de usura e blasfêmia, que teriam chegado ao conhecimento do rei que ordenara que todos fossem presos sem exceção alguma, e que mantivessem prisioneiros e reservados para o julgamento da Igreja, apoderando o estado de todos os seus bens. O processo que em seguida se desenrola, é hoje em dia bastante conhecido. Reteve por muito tempo a atenção do publico e, por conseqüência,a dos historiadores, de tal maneira que a fase terminal da Ordem do Templo ficou bem mais estudada a nível acadêmico, que os cerca de duzentos anos de sua existência. Vale aqui abrir um parêntese e citar o personagem Guillaume de Nogaret, que redigiu o relatório de acusação, sendo essas recheadas de inverdades, como por exemplo, a obrigação dos cavaleiros a cuspirem na cruz e aclamarem o nome de Baphomet. O rei Felipe durante o seu reinado teve como uma obsessão a necessidade de acumular riquezas, e o papa Clemente V, que transferiu a sede do papado de Roma para Avignon, necessitava recuperar poder do clero secular no âmbito clerical e econômico, tanto que durante o processo ele requisitava o direito de julgar os templários e tomar posse de todos os seus bens. O rei só concedeu o primeiro pedido. Em 18 de março de 1314, três cardeais, dignitários do papa, chegaram a França para o julgamento final: Nicolas de Fréauville, Amaud de Auch e Arnaud Novelli, todos fieis ao rei, o que denuncia a parcialidade dos julgadores.

   “No adro da igreja de Notre-Dame de Paris, fora instalado um cadafalso, mandaram vir os quatro dignitários: Jacques DeMolay, o Mestre do Templo; Hugues de Pairaud, visitador de França; Guy D’Avergnie, preceptor da Normandia; e Geoffroy de Gonnville, preceptor de Poitou e da Aquitânia.

     Os três cardeais que tinham ao seu lado o arcebispo de Sens, Phillippe de Marigny enunciaram a sentença definitiva que os condenava a prisão perpetua (...). No momento em que enunciava a sua sentença, foram vistos erguer-se Jacques DeMolay e Guy D’Avergnie.  

    Solenemente, perante a multidão que se reunira, protestaram declarando que o único crime que haviam cometido fora o de terem prestado a fazer falsas confissões para salvarem a vida. A Ordem era santa, a Norma do Templo era santa, Justa e católica. Não haviam cometido as heresias e os pecados que lhes atribuíram.

     No próprio dia foi preparada uma fogueira, perto do jardim do palácio, aproximadamente no local onde hoje se encontra, quando se vai para Pont Neuf, a estatua de Henrique IV. Os dois condenados subiram para o estrado onde se encontrava a pira nessa mesma tarde. Pediram para ficar de cara voltada para Notre-Dame, clamaram mais uma vez a sua inocência, e diante da multidão, paralisada de espanto, morreram com a mais tranqüila coragem”.(Pernoud, s/d,148-9).

Oficialmente a Ordem do Templo deixava de existir. Mas ela continuou a existir no restante da Europa, principalmente em Portugal e Espanha, e também no imaginário popular. O que aconteceu depois faz parte dessa tênue fronteira entre o real e o fantástico, alimentado pelo fascínio que esses cavaleiros de branco em seus atos (nem sempre) heróicos fizeram por uma causa que eles sinceramente acreditavam e deram por ela as suas vidas. Busquemos também as nossas causas.